quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

ENTRANDO NO MUNDO DA DANÇA

Em 1985 resolvi que queria dançar em uma lehaká e entrei no Hakotzrim, pois como já tinha 17 anos era a lehaká que eu poderia dançar. Não cheguei a comentar, mas comecei a dançar somente aos 16 anos de idade.
O coreógrafo da lehaká naquela época, era o nosso querido Guiora Kadmon (Z´L), que além de ser o coordenador de danças, havia sido o responsável por trazer os rikudei-am de forma efetiva para o Brasil e América Latina, além de ter sido um dos criadores do Festival Carmel e do Festival Dália na Argentina.
Assim que entrei na lehaká já fui entrando nas coreografias, pois como sempre, os banim são sempre em menor número e acabam tendo mais chances.
O repertório do grupo não era tão grande e tive que aprender uma dança chassídica chamada Shabat do Gavri Levi, que há dois anos antes, havia ganhado o primeiro lugar no Festival Hava Netze Bemachol do Rio de Janeiro e Hora Aviv que era uma machrozet (poutpourri de músicas) que falavam de primavera.
Minha primeira apresentação foi no Colégio Batista, onde apresentamos Shabat.
Foi um ano conturbado, pois Guiora já estava há muitos anos no Brasil e no meio do segundo semestre teve que voltar à Israel por problemas pessoais.
Naquele ano viajei ao Rio onde foi organizado um seminário de danças sob a coordenação de Ieda Bogdanski, que acabará de voltar de Israel e assumirá a Lehakat Kadima de Porto Alegre e de Roberto Cohen, coreógrafo da Lehakat Hagalil. Foi meu primeiro seminário e lotamos um ônibus somente com dançarinos de São Paulo. Aprendemos diversas danças com Ieda e com algumas dançarinas do Kadima que foram para ajudá-la. Tivemos um workshop de criação e produção de trajes, que acabou sendo de grande utilidade no meu futuro profissional. Algumas pessoas que estavam comigo e que me lembro até hoje são a Adriana Gordon e a Yoya (Claudia Skitnevsky).
Voltando ao Hakotzrim como eu havia dito o Guiora teve que partir e tinhamos uma viagem marcada para a Argentina onde participaríamos do Festival Dália no Hacoaj, juntamente com a Lehakat Shalom e Carmel. Guiora havia deixado uma coreografia pronta que era inspirada num solo que havia sido dançado por Ana Livia Cordeiro (que também havia trabalhado com o Hakotzrim alguns anos antes) com a música Shdemati, que retratava o trabalho árduo no campo e como segunda parte uma Debka com a música Shir Amelim.
Foi contratada uma coreógrafa, que foi uma das minhas maiores incentivadoras e mestras, minha querida amiga Tania Fisberg, hoje Tania Cannon. Ela assumiu o Hakotzrim e também a coordenação de danças, dando uma nova guinada na lehaká, incutindo um trabalho de qualidade e uma disciplina necessária para a concretização dos projetos da lehaká.
Fomos para a Argentina e participei do meu primeiro Festival Dália e digo que foi uma das coisas mais inesquecíveis e lindas da minha vida.
Além das três lehakot Shalom, Hakotzrim e Carmel também participavam do festival, Kadima e Hagalil. As cinco lehakot ficaram alojadas na mesma quadra dentro do Hacoaj Tigre, um clube de campo na Argentina. Imaginem cinco lehakot dormindo juntas numa quadra sem divisórias e no mesmo local, jogando bola e com algumas brincadeiras no mesmo espaço, foi muito divertido.
Naquele festival, conheci alguns dos maiores idolos da dança folclórica israelense dentro e fora do palco. Conheci nosso saudoso e amado Horacio Hasper (Z´L) que apesar do seu grande tamanho, dançava como uma pluma, era impressionante ve-lo dançar.
Neste ano o festival fez um show especial na segunda-feira, com as melhores lehakot de lá e outras convidadas, num local chamado Obras Sanitárias, que seria como um ginásio do Ibirapuera ou hoje em dia um Credicard Hall. Neste show vimos a estréia da coreografia "Tzena" do irreverente Isy Mandelbaum (Z´L) que havia assumido a Lehakat Darkeinu, "Hora Adamá" da Lehakat Adamá de Danny Chaves, "Hora Chalutzim" da Lehakat Ashlaiá de Ari Melnik (filho de Carolle Yafa (Z´L) , precursora da dança israelense na Argentina juntamente com Guiora). Foi a primeira vez que vimos o famoso solo do iemenita, chassídico e dançarino de hora e a estréia do "Rikud Avodá" da Lehakat Carmel, dança sem música, feita por Guiora.

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